Encontros "BRASÍLIA, CIDADE CRIATIVA"

Encontros "BRASÍLIA, CIDADE CRIATIVA"
*** Economia da cultura no Distrito Federal ***
Ciclo de debates e Saraus para aproximar pessoas que se beneficiam com o desenvolvimento cultural de centros urbanos e cidades - produtores culturais, gestores, artistas, realizadores de eventos, turismólogos, urbanistas, empreendedores, investidores em projetos e intelectuais que pesquisam cidades criativas.
Mediação: João Reis - produtor cultural, pesquisador, músico e mestre em Psicologia.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Centro Antigo, Centro Futurista

CONIC + SCS      =        LAPA carioca + PELOURINHO baiano?

Impensável essa comparação para quem não é matemático. Mas basta elaborar equações que não precisem de números e o resultado virá. São mais velhos do que as demais regiões da cidade, depreciados, pressionados pela transformação de valores urbanos, e muito bem localizados. Pronto: eis um pensamento algébrico e geométrico para qualquer economista conquistar a atenção de historiadores e empreendedores da indústria criativa. Sabemos que Centros Antigos merecem a revitalização como os de outras cidades no mundo. Na Lapa, no Rio de Janeiro, foram os empreendedores que passaram a atuar associados, em prol do desenvolvimento de seus negócios, segundo relato do produtor cultural Fernando Portella. Seu pensamento, reproduzido abaixo também nos leva a compreender o potencial dessa região para a cultura brasiliense ...

"[...] não existe nenhum lugar [...] que não possua características típicas e diferenciais a serem exploradas como temas para o desenvolvimento local. A cultura e a história estão sempre presentes, muitas vezes são óbvias (não exploradas devidamente) e em outros casos se encontram na forma latente, prestes para acontecer. Estes conteúdos despertam as pessoas para unidade, mexem com a emoção, desenvolvem a auto-estima, fortalecem os laços familiares, fixando o
indivíduo no lugar, além de gerar empregos e elevar a qualidade de vida local. 
A criação de POLOS DE EMPREENDEDORISMO CULTURAL 
traz para as Células de Atuação
benéficos sociais e econômicos para todos os negócios."

Havendo segurança no local, há muito o que ser desenvolvido culturalmente nessa célula central de Brasília. No Setor Comercial Sul, temos teatros como o do SESC e praças que se unem com o complexo do CONIC - com escolas de música, teatros, outras praças que se aproximam do Teatro Nacional, além da Faculdade Dulcina de Moraes. Também um diferencial: é um polo de sindicatos pensadores e visionários. Além de tudo, tem um grande fluxo de pessoas diariamente. 
Se trocar o abandono pelo cuidado, poderá ser um espaço DIURNO pleno de cultura, já que as proximidades com o Setor Hospitalar convida ao silêncio e ainda exigiria mais proteção contra os marginais que se habituaram a frequentar os seus recônditos - gerados pela aglomeração de prédios distribuídos no espaço de forma desorganizada.

SEGURANÇA E NOVOS PASSOS
Pensar esse centro urbano leva-nos a pensar na segurança local. E a lógica mais primária parece ser "cercar". Cercar espaços para que a fruição estética se dê. Cercá-los e proteger as pessoas passa a ser uma função de grande importância para um gestor (conselho de gestores)  de cidades e bairros de quaisquer cidades. E é um perigo sem si. Sofisticar o pensamento é entender que os grupos sociais evoluem, caso a gestão do desenvolvimento das relações sociais seja priorizado.

TRANSPOR RIOS E MUROS
Explico melhor, já que essas ideias relacionam estruturas arquitetônicas (concretas) e estruturas de convivência social (abstratas). Para explicar, é importante lembrar de dois conceitos visíveis e sensíveis em Brasília: o "muro horizontal" e os "rios de carros". As pontes que unem cidades e bairros de Brasília devem transpor esses "muros horizontais" que são as distâncias estrategicamente planejadas para que o crescimento acontecesse. E então foram construídos "rios de carros", que gerou mais distanciamente, isolamento. E que fizeram submergir por exemplo a "Vila Planalto", que cresceu onde o desejo quis e não onde o "planejamento" alcançou. E então foram multiplicados os carros como proteção. E quem tem carro quer estacionamento e autovias. Eis que  Brasília tem muitos deles.

A distância e o isolamento como proteção criam uma cultura reativa e paradoxal: afastar para conviver. Ou seja, não se convive se se afastam as pessoas. O ideal é aproximar e conviver e ter o opção de afastar quando se desejar também. Sem que isso seja compulsório pela concretude da cidade.

DIFERENÇAS E DEPENDÊNCIAS ECONÔMICAS
A projeção da economia indica continuação da distribuição de renda desequilibrada, que é um longo tempo de convivência entre classes sociais com poder aquisitivo diferente. Então mesmo com diferenças - e uma delas é a econômica - é preciso conviver entre os desiguais nessas categorias.

As pessoas são um grande patrimônio da metrópolis e das quase-metrópolis (Brasília enquandra-se nesse segundo caso).  Isso convida a aproximar pessoas e ensiná-las a conviver, a saberem que se desenvolvem com o convívio com a diversidade, num sistema que se equilibra numa ecologia social melhor do que a que temos.

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