Encontros "BRASÍLIA, CIDADE CRIATIVA"

Encontros "BRASÍLIA, CIDADE CRIATIVA"
*** Economia da cultura no Distrito Federal ***
Ciclo de debates e Saraus para aproximar pessoas que se beneficiam com o desenvolvimento cultural de centros urbanos e cidades - produtores culturais, gestores, artistas, realizadores de eventos, turismólogos, urbanistas, empreendedores, investidores em projetos e intelectuais que pesquisam cidades criativas.
Mediação: João Reis - produtor cultural, pesquisador, músico e mestre em Psicologia.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mercado de pinturas

O mercado de artes plásticas em Brasília tem aumentando, na medida em que a cidade cresce. A importância da arte como investimento foi estudada pela economista Diva Pinho, que afirma que a pintura pode ser tida como uma reserva de valor, um bem com retornos estéticos e ganhos financeiros. Considera-a como sendo um investimento complementar a outros.

A avaliação financeira descrita por outro autor citado na obra da economista pesquisadora da USP, Rush, considera os seguintes itens:
1. quem pintou a obra - se é típica e se foi pintada no período de maior demanda da carreira do artista;
2. qualidade em comparação com outras pinturas do artista;
3. tema e dimensões da pintura;
4. histórico do artista;
5. quem vende a pintura;
6. onde e quando é oferecida à venda;
7. quem se apresenta para comprar;
João Reis III - Obra da exposição "Luthier" realizada em 2007. Coleção particular.


Diva Pinho conclui seu estudo sobre o investimento em pinturas com a seguinte frase: "No Brasil, para que a pintura se torne, efetivamente, importante opção de investimento, deve-se começar pela dinamização do mercado de arte [...], ampliando-se as possibilidades de concretização de efetivo mecenato empresarial via incentivos fiscais."

Galeno - Obras variadas


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Arte MonoMídia e encontros SocioArtísticos: maquetes de cidades criativas

A estética do encontro entre pessoas que são obrigadas a conviverem  numa cidade é um exercício de paz e também um exercício de felicidade. Um convivío que ousamos chamar de convivío "Político", com P maiúsculo (coisa que a humanidade ainda está construindo, aprendendo...). E conviver harmoniosamente, quase esteticamente, é uma possibilidade idealizada e utópica.


Como os espaços culturais são espaços idealizados, em que o império estético se dá, a mediação feita pelas obras de arte ali expostas têm múltiplas possibilidades de mudar a consciência das pessoas. E também esta multiplicidade, esta multimídia, está sendo construída, com uma grande oferta de possibilidades, que são muito úteis e que sempre precisam ter sua funcionalidade analisada. Seu impacto ainda está por se harmonizar com o que consideramos humano. Eles deveriam nos ajudar a construir o Humano. Porque a arte existe para humanizar. Então simplificar, como mostra a tradição e a vanguarda orientais, é imperativo. 

Nesse horizonte, os espaços culturais são maquetes idealizadas de cidades, por abrigarem o que poderia ser o melhor da expressão humana.. MonoMidiáticos ou MultiMidiáticos.
...
Vamos avançar com essas ideias e aproximar pessoas agentes da economia da cultura no DF, no próximo Encontro BRASÍLIA, CIDADE CRIATIVA. 
Abaixo, a visão de um arquiteto que busca simplificar seus projetos nesse mundo complexo e múltiplo.



Serpentine Gallery Pavilion dos arquitetos Kazuyo Sejima + Ryue Nishizawa


Uma iluminada citação do premiado arquiteto Ryue Nishizawa sobre tradição e inovação:

"... A história é como uma montanha, você não pode movê-la. A cada século, as pessoas criam algo novo e, no próximo século, novamente algo novo. A junção dessas novidades cria a tradição. Se você fala em tradição, tem que pensar em que tipo de novidade que você pode criar. As pessoas têm feito assim para criar a história. Eu acho que preservar a tradição é também fazer algo novo de um modo local, do seu modo, e isso não é uma contradição." 









quinta-feira, 23 de setembro de 2010

FORMAÇÃO MUSICAL EM BRASÍLIA, CIDADE CRIATIVA

O desenvolvimento da cidade depende do desenvolvimento dos profissionais que atuam no setor.  Duas universidades, uma escola técnica e uma escola de choro compõem um cenário em que também a iniciativa privada é muito atuante.
Este foi o tema do II encontro BRASÍLIA, CIDADE CRIATIVA.







O CURSO DE VERÃO DE REPERCUSSÃO INTERNACIONAL É REALIZADO PELA ESCOLA DE MÚSICA DE BRASÍLIA




DOIS TEATROS FAZEM PARTE DA ESCOLA DE MÚSICA DE BRASÍLIA

CURSOS LIVRES AMPLIAM O ACESSO À FORMAÇÃO MUSICAL




LANÇADA NOVA UNIVERSIDADE DISTRITAL COM CURSO SUPERIOR DE MÚSICA
ESCOLA DE CHORO RAFAEL RABELLO



sexta-feira, 17 de setembro de 2010

CAPITAL DE MÚSICA SOFISTICADA - ORQUESTRANDO MAIORES ARRANJOS

O segundo encontro BRASÍLIA, CIDADE CRIATIVA discutiu o potencial musical da capital que é patrimônio cultural da humanidade, mostrando dados sobre a atuação da Escola de Música de Brasília e da UnB.



ESPELHANDO OPINIÕES E LEMBRANDO "CARTEMAS" FOTOGRÁFICOS EXPOSTOS POR MÁRCIO VIANNA SOBRE MACHU PICCHU



ENQUANTO DEMONSTRAVA DADOS SOBRE A FORMAÇÃO DE MÚSICOS EM BRASÍLIA

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

IMATERIAL, I-MATERIAL, MATERIAL - eventos e seus patrimônios

Numa referência distante do conceito de patrimônio imaterial da humanidade, o título deste post foca três dimensões culturais importantes: 
  • o que o homem produz de intangível - imaterial;
  • a base material necessária para essa produção - produtos em si;
  • e a mediação da tecnologia nas relações humanas -  i-material.
FESTIVAL DE TEATRO CENA CONTEMPORÂNEA ESTEVE POR AQUI, PARA ALÉM DO ESPAÇO



Alguns teóricos conseguem provar que estamos na Era da Experiência, em que eventos oferecem alternativas à Era Digital - uma era do isolamento humano mediado por algumas tecnologias de ponta. Nessa perspectiva, os eventos são uma força importantíssima para promoção da cultural e para tornar tangíveis e concretas a convivência entre as pessoas.


Relacionar tudo isso ao conceito de cidade criativa é o objetivo aqui, já que a cultura precisa de espaço para existir e da iniciativa dos gestores/produtores com seus eventos que permitam a expressão das pessoas.


Brasília, com sua peculiar característica de ter sido planejada estrategicamente para abrigar grandes cabeças pensantes, a mil metros de altitude, congregou diversas culturas, sem reproduzir as condições para que certas festas, rituais, encontros, etc ocorressem. Os pensadores, legisladores e executores das políticas públicas também têm raízes culturais que não precisam ser mediadas pelas constantes viagens que sempre caracterizaram os moradores da nossa capital. Digo isso porque a saudade da "terra natal" sempre levou os candangos para os aeroportos e rodoviária.


Com alguns eventos, desbravando espaços culturais e praças públicas, a estrutura física e social de Brasília cinquentenária permite uma nova cultura. Alguns espaços não podem ser modificados, seja pelo tombamento, seja pela relação entre custos e benefícios - que podem não ser compensadores. Ainda mais porque temos diversos espaços que podem ser aproveitados como espaços culturais, embora não tenhamos demanda suficiente para torná-los plenamente vivos de cultura.


Então vejamos os eventos que deram mais vida à cultura brasiliente, nesse início de setembro. Quatro grandes eventos ocorridos mostram o potencial que têm, a partir do modo como ocupam espaços, para produzir arte e integrar pessoas:


1. O Festival Internacional de Teatro (Cena Contemporânea);
2. A I Virada Cultural;
3. A 3a. Mostra Zezito de Circo; e 
 4. O desfile de 7 de setembro (com seus shows de encerramento e as referências às festas como o congado, o carnaval, maracatus e tantos que geram a saudade dos migrantes que materializam Brasília.
DESFILE DO PODERIO BÉLICO RELEMBRA EVENTOS DA CULTURA QUE GESTOU OS QUE MORAM EM BRASÍLIA





Desses eventos tão diferentes entre si, o que têm em comum é o uso da praça pública - a Esplanada - como continente da expressão máxima dos seres humanos que têm Brasília como sua morada e lar, e não apenas um local de trabalho.


Sabemos que indígenas de diversas tribos expõem, em rituais artísticos com danças e diversas expressões, a força que têm para ocasiões de guerra e paz. Assim tem sido o desfile de 7 de setembro, e não será o foco da discussão aqui.


Mas de modo diverso, os outros três eventos desbravam possibilidades.
FESTIVAL DE CIRCO ARMA-SE NO ENCONTRO DOS EIXOS - VIVO COMO SEMPRE


A beleza grandiosa do circo armado exatamente na praça das fontes que une o Conic ao tombado Touring Club foi surreal e perfeita, dando um sentido novo e encantador àquela região: cores e vida em espaços que dormem e se abandonam à noite. De uma forma muito criativa, os realizadores fizeram uma ponte entre o Teatro Dulcina e o picadeiro montado no que parece ser o exato ponto central do País, onde aqueles eixos são cruzados. O Circo dá outro sentido ao circo.


Já a Virada e o Cena permitem chamar atenção a outros pontos.
A I Virada Cultural, por ser a primeira, não pode ser comparada com o Cena Contemporânea - um evento jovem de 11 edições, que já está estruturado como organização gestora eficiente. Mas o ponto central em que quero chegar diz respeito ao uso da Esplanada para os shows da Virada e do Cena.
A inadequação do encontro dos dois eventos em algumas noites - vazando som de um para o outro - foi compensada pela riqueza de opções para o público espectador. Ainda mais pelo fato de terem focos estéticos distintos na oferta de shows. 


A região da Esplanada perto do cruzamento dos Eixos tem o acesso facilitado pela proximidade da rodoviária e da estação do metrô. E tem a acústica, a noite, a poeira e a ventania como os desafios para edições futuras.
O "cantinho" entre a rampa de entrada do Museu da República e o restaurante abrigou palcos para shows e teatro experimental  do Cena Contemporânea. Foi um espaço que pedia aconchego acústico e iluminação. Mesmo assim conseguiu oferecer um festival de uma grandeza ímpar, com atrações escolhidas por uma curadoria absolutamente impecável, visionária e madura. Inclusive com o show de Antônio Nóbrega trazendo canções de mestiçagem e com referências ao descobrimento do Brasil e sua renovação.

EVENTO REENCENADO NA ESPLANADA BRASILIENSE


Como conciliar a necessidade de materializar os eventos, capitalizá-los e atender às necessidades materiais das pessoas para quem eles foram realizados? É uma construção que o presente já tem capacidade de resolver.

 Um evento deve ser como a água: adaptar-se ao que dispõe como margem. A cidade é um desafio que o evento deve enfrentar e reinventar. Seu espaço sonoro, seu espaço olfativo, seu espaço visual, seu espaço higiênico, seu espaço ambiental e seu útero -  que fecundará o futuro - devem ser alvos estéticos.

Criar espaços íntimos para eventos é o que tem feito os espaços culturais “formais”. Mas fazer cultura dos (e nos) espaços informais das ruas/não-ruas, das avenidas e praças  ou em casos especiais/espaciais as esplanadas é a questão resolvida pelos eventos culturais.

E se alguém quiser responder para além dos eventos que se propõem a ser artísticos, faço eco para questões fundamentais:
Deixemos que todos durmam para que a verdadeira arte floresça?
Ou deixemos todos acordados para que verdadeira arte não adormeça?